É na urze que nos inspiramos e é ela que nos dá o nome. A planta reconhecida pela persistência e que nos lembra o próprio teatro: efémero e necessário, sedutor e vivo, como o poema de António Cabral (1931-2007).

O olhar artístico

Enquanto companhia profissional de teatro e projecto de criação artística, assumimos a linguagem do essencial como matriz conceptual do nosso trabalho. Expressa numa aparente contradição entre as interpretações expressionistas e a visão estética minimalista, a partir da qual damos espaço à palavra e à vivacidade corporal, orientadas pelas inquietações sociais contemporâneas.

Com este olhar artístico, procuramos persistentemente um teatro que dialogue com o mundo e com as suas fragilidades, devolvendo à cena a beleza simples e persistente da vida — tal como a urze, que resiste, floresce e renasce sob o frio e a terra a que estamos emocionalmente ligados.

É entre o vento, o frio e a terra, que nasce a urze

A urze é uma planta selvagem que cresce em solos pobres, nas serras e charnecas batidas pelo vento — como as do Alvão e do Marão, onde o horizonte se tinge de lilás no fim do verão. De caule fino e lenhoso, cobre-se de pequenas flores rosadas, roxas, brancas ou avermelhadas, que resistem ao frio e à aridez. É um arbusto perene, um dos elementos mais característicos da flora das charnecas e dos pântanos, conhecido também por queiró ou torga, pertencente aos géneros Erica e Calluna. Prefere solos ácidos e bem drenados, ricos em matéria orgânica, e procura a luz do sol, mesmo quando o vento sopra com força. Símbolo de resistência e humildade, a urze sobrevive ao fogo e renasce dele, espalhando-se novamente quando tudo parece perdido. Na sua simplicidade, guarda a beleza da persistência e a força silenciosa da vida que insiste em florescer.